Nos últimos 10 anos, as pesquisas sobre o tratamento das doenças neurológicas degenerativas como Parkinson e Alzheimer, tem sido publicadas em grande escala, na esperança de encontrar formas de conter a progressão das doenças e minimizar os sintomas. Dentre as possibilidades de tratamentos mais eficientes e não medicamentosas se destaca o exercício físico responsável por estimular a reeducação neuromotora e no auxílio da regulação hormonal desses pacientes.
A doença de Parkinson (DP) é definida como uma doença neurodegenerativa e progressiva do Sistema nervoso central (SNC), que se caracteriza pela morte celular de neurônios produtores de dopamina que é um neurotransmissor importante na condução do impulso nervoso, no controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição e memória. Com a diminuição da dopamina várias alterações se tornam presentes no controle motor e é aí que o tratamento medicamentoso e o exercício físico se tornam tão importantes na tentativa de regressão e estabilização dos sintomas deste mal. As características da DP são tremor em repouso, rigidez muscular, diminuição de movimento, dificuldade em iniciá-los voluntariamente, perda da expressão facial, e lentificação na aprendizagem e memória, além da demência. Seu inicio é insidioso e quase imperceptível, porém vai progredindo lentamente até que um parente mais próximo perceba alguma alteração, o mal já se instalou. Dessa forma, a DP é chamada por alguns como a doença da imobilidade porque com o passar do tempo o indivíduo começa a perder os movimentos e a capacidade para iniciá-los e o método Pilates pode ser um grande aliado no tratamento.
A filosofia e o repertório do Método Pilates que acompanham o avanço da ciência, propiciam um ambiente enriquecedor e a possibilidade de um programa adequado para o tratamento do mal de Parkinson, tendo como foco principal minimizar as desordens motoras e melhorar os desequilíbrios causados pela doença. As modificações que acontecem na marcha somados às alterações do centro de gravidade provocam desequilíbrios e quedas constantes, contribuindo assim para a morbidade e piora do caso. Dessa forma não só os sintomas de Parkinson serão um problema, mas as conseqüentes quedas, principalmente se o indivíduo tiver osteoporose e outras patologias associadas. Faz-se relevante entender a fisiopatologia da doença e suas causas para planejar um tratamento focado na melhora funcional especifica do quadro, assim como também o reconhecimento do estágio da doença em que o paciente se encontra. Observar atentamente o histórico de saúde, perfil psicológico e a estratégia motora são de responsabilidade do profissional de saúde na evolução da sua terapêutica. Cognição e nível de atenção do paciente devem ser observados para que se execute o exercício de forma voluntária, afinal Pilates é uma atividade que exige consciência corporal e atenção na execução, de forma que de tanto repetir os movimentos, em um determinado momento a ação se torne inconsciente, assim como a percepção e consciência dos limites e das capacidades de cada paciente dentro do quadro em que se encontra, com o objetivo promover a independência e bem estar de um modo geral. Aqueles que estão em estados de demência ou seja, os que não conseguem seguir a orientação do profissional de Pilates através de dicas para um movimento bem sucedido, talvez só possam se beneficiar de exercícios feitos de forma passiva, como por exemplo o 90/90 da Polestar Pilates, que foi criado e incorporado ao currículo da Physio Pilates – Polestar para auxiliar e complementar a prática clínica. Além do 90/90 existem outros como os seguintes exercícios de Pré-Mat (exercícios que preparam para o Pilates Mat): Dead Bug, Bent Knee Openning, etc.
Segundo a Polestar Pilates, empresa que oferece formação de profissionais no Método Pilates, respeitada e reconhecida mundialmente, a importância de qualquer programa de tratamento reside no raciocínio clinico-critico do profissional, e é com base nele que escolherá as abordagens a serem utilizadas com seus pacientes. É preciso além de uma avaliação criteriosa, a observação atenta durante as sessões, com direito à mudanças no plano inicial, no caso do exercício não mostrar a sua eficácia. Na avaliação da DP o uso das escalas Berg, Borg, TUG, Tinett, etc e as respostas clinicas de cada paciente como ser único, são a chave para o sucesso do tratamento neste método e isso diferencia uma famosa: “faça Pilates”, de outra: ”Procure um profissional qualificado para fazer Pilates”.
É necessário encarar que o profissional qualificado, o estágio da doença, o nível de atenção do paciente vão definir o avanço do tratamento no Método Pilates. Esse é um método poderosíssimo se fizermos o uso devido.
Uma boa dica para quem quer ser um profissional de Pilates, é a de conhecer mais sobre o ambiente, filosofia, ciência e repertório de exercícios deste método, com suas adaptações necessárias para cada paciente, aliados à uma sensibilidade e habilidade para conseguir do seu paciente a adesão ao tratamento. A individualidade biológica, especificidade que cada ser traz em si, deve ser catalogada e levada em consideração para promover melhoras significativas. Mesmo dois indivíduos de idades e perfis parecidos que tenham a mesma doença, devem ser tratados de forma adequada às suas diferentes respostas. Os Promotores de Saúde devem buscar um trabalho que faça diferença na vida dos portadores dessa doença. Perceber quando o trabalho não está fluindo, ou progredindo também é um ponto crucial para a mudança do plano de tratamento.
Tratar alguém nesse prognóstico difícil requer seriedade e entrega além dos requisitos acima mencionados. Temos ainda que entender que apesar de sermos uma parte muito importante do tratamento, essa doença merece ser tratada sob um olhar multidisciplinar, ou seja, com a atuação de uma equipe de profissionais diversificada, numa abordagem interdisciplinar, abrindo um diálogo constante que objetive a melhoria na qualidade de vida e bem estar desses indivíduos. Importante ressaltar que a cura do Mal Parkinson ainda está sendo estudada.
Vamos a cada dia nos conscientizando da importância dos ensinamentos do mestre Joseph Pilates, e percebendo que muito do processo de cura não está somente na ciência, mas na junção desta com a filosofia. Na minha opinião, grande parte da cura reside no conhecimento e afinidade com os ensinamentos deixados pelo grande Mestre.
Se você pretende ser um profissional consciente, vamos ao estudo aprofundado. Opte pelo raciocínio e não pela reprodução impensada de movimentos.
Há muitas coisas ainda entre o céu e a terra que precisamos estudar, entender, refletir e praticar no amplo universo de possibilidades que é o método Pilates.